A Cidade Pojuca
Pojuca surgiu em 1684, quando se fixaram às margens do rio Pojuca
As famílias Freire de Carvalho, Veloso e Saraiva, construindo moradias e engenhos, cercando pastagens e cultivando a terra. O rio que corta todo o município e servia de paragens, influenciando, assim, para a primeira denominação: Passagem, como também a identificação católica com o Bom Jesus, sendo o padroeiro da cidade, o Bom Jesus da Passagem. Também nessas imediações os tocadores de boiadas, vaqueiros, pequenos agricultores, pequenos comerciantes, nos dias de sábado, formaram uma pequena feira e o povoado foi se delineando, e foram surgindo os engenhos de cana de açúcar.
Em 1757, o Engenho de Pojuca (posteriormente onde foi instalada a Fábrica Central), era um dos maiores centros de povoações da freguesia, onde conviviam os proprietários, seus trabalhadores e lavradores de meação do açúcar. Em 1778 Manuel José de Carvalho comerciante português que se estabeleceu no Rio de Janeiro, obteve judicialmente a posse das terras referente ao Engenho Pojuca, esse documento delimita a propriedade e descreve com riqueza de detalhes o meio ambiente deste período.
Manuel José de Carvalho era casado com Bernarda de Assunção Freire, seu filho se chamava José Freire de Carvalho e seu neto era da Guarda Imperial, sendo condecorado como Barão de Pojuca (recebeu o mesmo nome do pai) e adotou o monograma com as iniciais BP (Barão de Pojuca) utilizado nos aparelhos de louça, metal e cristal de uso doméstico da família do Barão.
Em 1888, o escritor Durval Vieira de Aguiar, a serviço da polícia, em seu livro Província da Bahia, descreveu o interior da Bahia, citando Pojuca como aprazível arraial de Catu, e destacou o rio Pojuca com a abundante produção de camarão e pitú, a estação férrea, a rede telegráfica ligada a Corte, a Fábrica Central, e a existência de 4.197 habitantes, duas escolas com setenta meninos matriculados.
Durval Vieira de Aguiar se torna sogro de Francisca Freire Pinheiro de Vasconcelos (filha do Barão), deixando no Engenho Pojuca vários escritos, inclusive o seu testamento e fotos inéditas. O Barão de Pojuca era sócio (na Fábrica Central) do seu cunhado Conselheiro Saraiva (José Antônio Saraiva), Ministro da Corte, que possuía terras e uma Capela (dedicada a Nossa Senhora da Purificação) ao lado do Engenho Pojuca, o qual em 1870 recebeu uma comitiva de duzentos cidadãos vindos de trem, de Salvador.
Em quatro gerações alguns sobrenomes marcaram a história da formação de Pojuca, a exemplo das famílias: Veloso (tendo como a matriarca Francisca Doria de Carvalho Veloso, mãe do Barão de Pojuca), Freire de Carvalho (José Freire de Carvalho, pai do Barão de Pojuca, cujo filho tinha o mesmo nome), Vasconcelos (Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, o Almirante Vasconcelos, genro do Barão de Pojuca, que é homenageado com o nome de uma Praça) e Saraiva (José Antônio, o Conselheiro Saraiva, que é homenageado com o nome de uma Escola).
Nos últimos três séculos essa vastidão de terras que formava o Engenho Pojuca, foi desmembrada, dando lugar a pequenos lotes residenciais, restando apenas a sede da propriedade, a qual guarda rico acervo histórico e exemplar arquitetônico da Fábrica Central de açúcar a qual foi a segunda maior produtora do recôncavo baiano na época.
Outro núcleo familiar histórico é o dos Sant’Ana,inicialmente com o patriarca Vicente Ferreira Sant’Ana, pai de Raimundo Ferreira de Sant’Ana (que foi intendente do município de Pojuca nos mandatos de 1927 e 1930) e seu neto José Lemos de Sant’Ana, que escreveu a série memorialista “Bambangas” sobre as várias gerações de sua família e sobre a cidade de Pojuca.
Em 1912 começa a mobilização do povo pojucano para a emancipação da Vila de Pojuca, e junto com o Coronel Carlos Pinto (influente comerciante e político) que conseguiu que o governador da Bahia, José Joaquim Seabra, assinasse o decreto de Emancipação, em 29 de julho de 1913, em 07 de setembro, ocorreu a eleição do intendente Carlos Pinto e dos membros do Conselho Municipal. Entre 1913 e 2021, foram trinta e oito gestores do poder executivo, mediante intervenção, nomeação, decisão judicial e alguns eleitos pelo povo.
Em 1862 é inaugurada a estação de trem a partir de então Pojuca se liga a Salvador capital e a produção açucareira passa a ter uma importante via de escoamento da produção. A estação de trem funcionava também como ponto de lazer, de encontro e de despedidas até 1980 quando foi desativado o trem de passageiros. Em 2019 o prédio foi reformado, restaurado e adaptado para abrigar o Memorial da Cidade de Pojuca, Espaço Cultural Dona Lindú, equipamento sócio educativo destinado a exposições temporárias, vernissages e mostras.
Os chafarizes e cisternas tiveram muita importância até que a rede pública de água fosse instalada no município, pois representavam únicas fontes de água potável para a população residente e para os visitantes, especialmente nos dias de feiras, as quais mudaram de localização com o passar do tempo e devido às novas demandas por espaço, em 2021 iniciou uma reforma geral no local onde atualmente está funcionando a feira livre, o projeto de reforma vem responder as necessidades dos feirantes e da população local e do entorno da cidade.
Os festejos juninos remontam da época de fixação dos primeiros moradores e com o tempo foi preservado e mesmo adotando características mais modernas não perder sua essência, assim, as festividades do São João e São Pedro são bastante significativas para o povo pojucano e para as cidades circunvizinhas, tanto em termos de religiosidade, interesse cultural, identidade e economia local. É o período consagrado para a reunião dos familiares e amigos que moram fora, alguns em outros estados e muitos em Salvador, na capital baiana. Esse fluxo sazonal incrementa a cadeia produtiva do turismo local, principalmente em 2022 ano em que Pojuca passou a fazer parte do Mapa do Turismo do Brasil.
Origem da palavra Pojuca, vem do legado da cultura indígena. Em Tupi, quando o termo é analisado em separado, tem-se, em Nicolai (2006) do Guarani, y – água, yapo - barro e yuca (mani’o) - mandioca, termos relativos à cultura dessa leguminosa, antes de subsistência, mas que passou a ser muito utilizado para a produção de farinha e derivados constituindo iguaria cultural e comercial da cidade. Contudo, quando o termo é analisado em conjunto “Yapo-Yuca” significa o riacho, o brejo, pântano, enquanto fonte de riqueza da diversidade vegetal e animal.
Aspectos Geográficos
Pojuca fica situada a 67 km da capital baiana, foi inserida na Região Metropolitana de Salvador. Suas principais rodovias de acesso são: BA- 093, BA-504, BA-507 e BA 533. Se limita: ao norte: Catu e Araçás; ao sul: Mata de São João; a leste: Itanagra e a oeste: São Sebastião do Passé.
Com relação aos aspectos físicos, quanto ao relevo predomina a planície, o clima é tropical úmido, o bioma original era a Mata Atlântica, a hidrografia se caracteriza pelos rios Pojuca, Catu, Quiricó e Una, todos eles ameaçados de extinção. Segundo o IBGE 2020, possui área de 314,932 Km2.
Aspectos Demográficos
O Município de Pojuca conta com 39.972 habitantes sendo 51,7% de mulheres e 48,3% de homens. Importante destacar, também, que possuímosuma populaçãojovem, com30,06%decriançase adolescentes e 60,33% de pessoas de 20 a 59 anos. Os idosos (60 anos a mais) compõem 9,62%.
A caracterização da faixa etária da população da cidade de Pojuca possibilita a elaboração de politicas públicas de turismo voltadas para cada uma delas, respeitando as devidas especificidades. Outro dado importante é o dinamismo populacional da cidade que segue um padrão intenso, tendo a sétima maior taxa de crescimento anual da área Região Metropolitana de Salvador entre os Censos de 2000 e 2010 (2,35% a.a.). O Município tem na migração uma importante contribuição para o crescimento populacional.
Aspectos Econômicos
Em Pojuca, inicialmente verificou-se um vetor de crescimento ao longo da Ferrovia Centro-Atlântica. A partir da década de 1960, a cidade até então predominantemente de pecuária extensiva, se modifica com a instalação da Petrobras e a FERBASA- Cia de Ferro Ligas da Bahia. O que dinamizou a economia (com a generalização do assalariamento e o aumento da arrecadação municipal) e melhorou a infraestrutura do sistema de estradas provocou os movimentos migratórios das áreas agrícolas adjacentes, aumentando a população da sede e reduzindo da zona rural. Com o passar do tempo várias empresas se instalaram, algumas não permaneceram. Em 2023 foram contabilizadas 08 de transportes; 16 de Construção Civil; 07 indústrias; 09 comércios e alimentos; E 02 cooperativas, patrimonial, limpeza e consultoria.
Vale ressaltar que em Pojuca, o número de pessoas beneficiárias do Programa Bolsa Família equivalia aproximadamente a 28% da população total do município e o índice de Gini passou de 0,53, em 2000, para 0,50, em 2010, indicando, portanto, que houve uma pequena redução na desigualdade de renda. E segundo o IBGE a taxa da população ocupada em 2020 era de 17,5%.
As atividades culturais são vetores de desenvolvimento para o setor turístico, o qual vem se fortalecendo com a entrada de Pojuca no Mapa do Turismo do Brasil em 2022, fortalecendo a economia criativa e de lazer, bem como o comércio e a rede de hoteleira, visto a proximidade com Salvador e pelo alto índice de segurança pública que a cidade oferece.